I Domingo da Paixão

 


“O anual caminho de penitência da Quaresma é o tempo de graça, durante o qual se sobe ao monte santo da Páscoa. Com efeito, a Quaresma, pela sua dúplice característica, reúne catecúmenos e fiéis na celebração do mistério pascal. Os catecúmenos, quer por meio da ‘eleição’ e dos ‘escrutínios’ quer mediante a catequese, são admitidos aos sacramentos da iniciação cristã; os fiéis, ao contrário, por meio da escuta mais frequente da Palavra de Deus e de uma oração mais intensa são preparados, com a Penitência, para renovar as promessas do Batismo” 1.
Conforme caminhamos no percurso quaresmal, se aproximam os dias da Paixão e Morte de Cristo. Jesus, “na qualidade de Sacerdote eterno e Mediador universal, ofereceu-se a si mesmo em sacrifício ao Eterno Pai pela redenção dos homens” 2.

No Tempo da Quaresma, período de preparação para a Páscoa, a recepção das cinzas e os despojamentos do mundo, indicam aos fiéis e catecúmenos as práticas penitenciais e obras de misericórdia. As cores litúrgicas em roxo e róseo, a ausência da ornamentação no templo e a quietude dos instrumentos musicais, demonstram o tom predominantemente austero e penitencial 3

Hoje, neste I Domingo da Paixão, V Domingo da Quaresma, a liturgia tem algumas particularidades e, já sinalizando o luto pela morte de Jesus, nos convida a direcionar um “olhar” mais profundo para o Cristo crucificado. Como Jesus nos fala no Evangelho, “.. se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto” (Jo 12, 24). De fato, é da crucificação e morte de Nosso Senhor, de sua chaga aberta, que jorram o “sangue e a água”, símbolos dos Sacramentos do Batismo e da Eucaristia.

A partir desta semana, pode ser observado também um antigo costume de cobrir as imagens sacras nas igrejas. Esta prática já não é mais obrigatória, como era previsto no Missal Romano de 1962, mas é piedosamente conservada em diversas comunidades. Com exceção, é claro, das comunidades que seguem o Rito do Missal Romano de 1962. Assim, o costume é que “as cruzes permanecem cobertas até ao término da celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa; as imagens até ao início da Vigília Pascal” 1.

Nas palavras do Papa Bento XVI, que este Tempo Quaresmal “seja para cada cristão uma experiência renovada do amor de Deus, que nos foi dado em Cristo” 2.


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Referências bibliográficas:

1. CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais. Vaticano: Congregação para o Culto Divino, 1988. Disponível em: https://presbiteros.org.br/paschalis-sollemnitatis-a-preparacao-e-celebracao-das-festas-pascais=. Acesso em: 17 mar. 2024.

2. RIFAN, Fernando Arêas. Vivendo a Quaresma com o Papa Bento XVI. Campos dos Goytacazes: Administração Apostólica São João Maria Vianney, 2023.

3. CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Instrução Geral do Missal Romano e Introdução ao Lecionário. N. 346. Brasília: Edições CNBB, 2023.

4. RICARDO, Paulo. Por que cobrimos as imagens sacras na Quaresma?. 2016. Disponível em: https://padrepauloricardo.org/episodios/por-que-cobrimos-as-imagens-sacras-na-quaresma. Acesso em: 17 mar. 2024.