Este ícone, Salus Populi Romani, é uma imagem acheiropoieta, ou seja, considerada não feita por mãos humanas1. A Nossa Senhora segura o menino Jesus nos braços. O fundo dourado indica a luz da presença de Deus2 e as letras em grego "MP ØY" descrevem que é uma imagem da Theotokos, a Mãe de Deus. Nossa Senhora está de pé e olha para o observador à sua direita, vestindo um manto azul com bordas douradas, sobreposto a uma túnica vermelha, que contém detalhes nos punhos. No manto, traz uma estrela na testa (símbolo de sua virgindade no momento do nascimento de Jesus), uma estrela no ombro direito (símbolo de sua virgindade antes do nascimento de Jesus) e no ombro esquerdo (simboliza sua virgindade após o nascimento de Jesus)3. Nas mãos, cruzadas, segura um manípulo azul4. Nosso Senhor veste um manto dourado (simbolizando suas qualidades divinas), com o olhar voltado para sua mãe, tendo a mão direita em um gesto de bênção e a mão esquerda segurando um Evangeliário.

São Lucas não chegou a conhecer Jesus pessoalmente, mas através dos outros apóstolos. Foi companheiro de São Paulo em suas viagens e a tradição indica que esteve junto com a Virgem Maria, após a paixão de Jesus, recebendo Dela parte do conteúdo de seus escritos. Foi o autor do terceiro Evangelho, onde descreve os detalhes da vida de Nossa Senhora, relatando a anunciação do Anjo, o encontro com Santa Isabel e o canto do Magnificat, o caminho de Jesus, com detalhes de seu nascimento e sua infância, sua vida pública, paixão, ressurreição e ascensão. Os Atos dos Apóstolos são uma continuação de seu Evangelho, onde narra os caminhos da Igreja primitiva, da ascensão de Jesus ao céu até a chegada de São Paulo em Roma.

Rezar com ícones e com as imagens sagradas e abençoadas ajuda e estimula nossa oração. O Catecismo da Igreja Católica explica que “a iconografia cristã transpõe para a imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela palavra. Imagem e palavra esclarecem-se mutuamente” (CIC 11605). "A contemplação dos sagrados ícones, unida à meditação da Palavra de Deus e ao canto dos hinos litúrgicos, entra na harmonia dos sinais da celebração, para que o mistério celebrado se imprima na memória do coração e se exprima depois na vida nova dos fiéis” (CIC 1162).

O espaço litúrgico, preparado com zelo e beleza pelo arquiteto e artista sacro, são assim uma ajuda valiosa para transmitir a mensagem que Cristo confiou à Igreja, como exorta o Santo Papa João Paulo II na Carta aos Artistas6. Celebrando esta festa hoje, juntamente com o dia dos artistas sacros, iconógrafos e médicos, rezamos e nos propomos a sermos também zelosos anunciadores da Boa-nova.

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2. KOSLOSKI, Philip. Como rezar com ícones: um guia breve. Disponível em: https://fasbam.edu.br/2019/10/02/como-rezar-com-icones-um-guia-breve/. Acesso em: 18 out. 2023.